Teste de Iowa (Iowa Gambling Test, ou simplesmente IGT)
16-03-2012 21:49
O teste de tarefas do jogador de Iowa (Iowa Gambling Test, ou simplesmente IGT)
Este teste é uma simulação do processo de decisão que ocorre na vida real e é amplamente usado no estudo dos processos de cognição e emoção e da sua articulação.
Foi desenvolvido por Antoine Bechara, António Damásio, Daniel Tranel and Steven Anderson. Tem uma especial eficácia para o estudo do cérebro dos psicopatas, ou melhor dizendo, dos sociopatas, indivíduos cuja patologia mental os tornou inadaptados à vida em sociedade e às suas convenções.
O teste funciona da seguinte forma: apresentam-se aos participantes quatro baralhos de cartas virtuais num monitor de computador. Informam-se os jogadores que, de cada vez que escolhem uma carta vão ganhar algum dinheiro do jogo. Com maior frequência, todavia, quando escolhem uma carta irão ganhar dinheiro, mas também vão perder algum. Os participantes são informados que o objetivo do jogo é ganhar o máximo dinheiro possível. É possível determinar com maior rigor o que está a acontecer no processo de decisão se obtivermos imagens das regiões cerebrais ativas em tempo real, comparando grupos de pessoas com características psicológicas diferentes (Imagem de Ressonância Magnética Cerebral Funcional).
O jogo em si pretende-se que seja jogado de modo opaco, quer dizer, os participantes não devem saber qual é a regra a seguir de modo consciente, mas supõe-se que devem escolher as cartas a partir da sua «reacção instintiva», ou «instinto de jogador». Durante o jogo, espera-se que os resultados negativos e positivos, ao longo de cerca de 50 tentativas, guiem impulsivamente cada participante na tentativa de ganhar o máximo de dinheiro possível.
Intencionalmente, dois dos baralhos são «maus», significando que ao longo de um certo período de tempo os jogadores vão acabar por perder grandes quantias de dinheiro. Os outros dois baralhos são «bons» e permitirão ao jogador «normal» obter um ganho global superior ao seu montante inicial.
A maioria dos jogadores «saudáveis» escolhem cartas de todos os baralhos, e após cerca de 40 ou 50 escolhas de cartas, mostram-se eficientes na escolha dos baralhos que geram lucros.
Ora, acontece que os pacientes que sofreram lesões no córtex órbito-frontal, ou que revelam disfunções emocionais, continuam a apostar nos baralhos que dão maus resultados, por vezes sabendo até que vão acabar por perder todo o dinheiro inicialmente distribuído. A medição da resposta galvânica da pele demonstrou que os participantes «saudáveis» só sentiam uma reacção de «stress» ou de ansiedade para tirar uma carta do baralho ao fim de 10 tentativas, muito antes de saberem quais são os maus baralhos. Em contraste, os pacientes com lesões no córtex órbito-frontal nunca desenvolvem esta reacção fisiológica perante o erro ou a iminência de um mau resultado. A equipa de investigadores responsáveis pela elaboração e calibragem deste teste explicam este fenómeno através da célebre hipótese do marcador somático, que mereceu especial desenvolvimento por parte de António Damásio na sua obra O Erro de Descartes.
O teste do jogador de Iowa, como é também conhecido, tem sido alvo de aperfeiçoamento e de discussão crítica, combinando a sua aplicação com técnicas de observação científica mais rigorosa, como a imagiologia de ressonância magnética cerebral das funções ativas em tempo real. Há interesse especial em estudar pessoas que sofrem de esquizofrenia e desordem obsessivo-compulsiva.
Para aceder ao jogo, clique aqui.