Reflexão Pessoal - Relações precoces
Reflexão pessoal – Relações precoces
Relação Mãe-Bebé
A relação mãe-bebé tem um papel fundamental na socialização. Esta relação, permite à criança adaptar-se ao meio envolvente e aos outros. A interacção mãe-bebé, leva a que a criança aprenda a atribuir significados ao comportamento dos outros.
A interacção mãe-bebé leva a que a criança aprenda a atribuir significados ao comportamento dos outros. As crianças nascem com reflexos que contribuem para a sua sobrevivência e adaptação à vida. O choro também faz parte do equipamento natural do bebé. É o esquema que serve para dizer à mãe, ou à pessoa que cuida da criança, que tem fome ou dores. É assim um meio eficaz de comunicar, bem como o sorriso e expressões faciais.
Assim, a qualidade desta relação precoce terá grande influência no desenvolvimento futuro da criança: na sua personalidade e no modo de se relacionar com os outros e de encarar o mundo.
Hereditariedade Vs Meio
O Homem é lançado na Terra, sem forças físicas nem ideias inatas, tanto na selva como na mais civilizada das sociedades, será apenas aquilo que dele fizerem. O comportamento humano é uma conquista feita em consequência do processo da sua integração no meio cultural, que varia em função da sociedade a que pertence. O que nos torna reconhecidamente humanos depende de muito mais do que a nossa herança genética e biológica: é fundamental ter em conta as dimensões social e cultural para que possamos compreender os seres humanos e a forma como se comportam. Tornamo-nos humanos através da aprendizagem de formas partilhadas e reconhecíveis de ser e de nos comportarmos.
O Homem deve à cultura a capacidade de ultrapassar os seus instintos, tendo, desta forma, o poder de optar, escolher qual o caminho que considera melhor, segundo os valores em que se apoia, depois de analisar, racionalmente, a realidade. É portanto necessário “admitir que os homens não são homens fora do ambiente social” (Lucien Malson) e que necessitam, mais do que os outros animais, da vivência junto da espécie.
Tal como se passa na evolução da espécie, a evolução de cada indivíduo deve-se a uma série de factores que progressivamente se alteram, sejam eles de carácter genético ou de ambiente educativo. As unidades básicas de transmissão hereditária são os genes, sendo o genótipo a apresentação do nosso património hereditário. Já o fenótipo constitui as características observáveis do ser, é produto dos genes que se expressam em determinado ambiente, que modificam o fenótipo, de modo a que o indivíduo molde o seu próprio ambiente.
A função dos genes depende da sua interacção com o meio, logo, aquilo que somos e em que nos tornamos, é fruto principalmente da aprendizagem e da cultura. Assim, como afirmava Tom Kiewicz, ao constatar que o aumento da estatura da população era explicado pela melhoria das condições de vida (meio), embora haja ainda quem pense que o desenvolvimento humano está predeterminado na nossa natureza biológica hereditária, pelas nossas heranças de características comuns.
Contudo, tal como Buhler constatou, é impossível separar genética e ambiente. A combinação resultante das disposições hereditárias é imprevisível, assim como a modificação resultante das influências do meio, pois toda a criança é moldada pela sua cultura, natureza biológica e pelo seu meio ambiente, de maneira a interagir com os outros e se desenvolver. Assim, pode concluir-se que as pessoas (cultura) constituem a fonte de informação mais importante para a mente humana sa adaptar ao meio, mas a hereditariedade e o meio são igualmente importantes, visto que têm de actuar mutuamente na vida de cada ser.
VINCULAÇÃO
A espécie humana nasce desprotegida, frágil e com grande necessidade de protecção por parte dos progenitores. Deste modo, garante o alimento que não é capaz de adquirir autonomamente, e a sensação de protecção e afecto de que necessita. A convivência social ajuda-nos a manter saudáveis, mental e fisicamente. A necessidade de contacto com pessoas é fundamental para nos construirmos como seres humanos, já que a nossa humanidade não é inata mas sim construída através da interacção com os outros.
A personalidade do adulto é construída a partir de ligações precoces e socioafectivas da criança, vínculos que repousam sobre necessidades biológicas. O desenvolvimento físico, cognitivo e social são diferentes aspectos em que todas as nossas competências aumentam na jornada humana, do nascimento á maturidade. A nível físico, crescemos em tamanho e força, o que nos permite movimentar livremente no nosso meio. A nível cognitivo, aprendemos a habitar o mundo dos conceitos e ideias. O desenvolvimento social refere-se ao crescendo de competências e habilidades, que capacitam o indivíduo para estabelecer relações afectivas e para interagir com o mundo envolvente.
Durante os primeiros meses de vida, o mundo social do bebé está limitado a uma única pessoa, geralmente a mãe. Com o passar do tempo, os horizontes sociais tornam-se mais vastos, incluindo a família, creche e vizinhos.
Ver um bebé sorrir quando vê a sua mãe, é um sinal de que essa criança está a crescer fisicamente e a aperfeiçoar as suas capacidades de percepção. O desenvolvimento social inicia-se com o primeiro vínculo humano: o do bebe à pessoa que cuida dele, geralmente a mãe. Este laço (vinculação) é considerado a base ou alicerce de todas as relações sociais para o resto da vida. O bebé quer estar perto da mãe e, quando não está bem fica confortado com a sua imagem, a sua voz e o seu contacto. Este aspecto é comum ao de outras espécies, como por exemplo os macacos, que se agarram ao corpo das mães e os pintainhos, que seguem a galinha.
Assim, por vinculação entende-se a ligação emocional positiva entre a criança e um pessoa em particular, que consiste na mais importante forma de desenvolvimento social, durante a infância. Por outras palavras, a relação de vinculação é uma construção progressiva: a aptidão inata é modelada no decorrer da interacção com o meio social.
Em suma, as pessoas que nos envolvem nunca se apresentam neutras para nós. Não só as crianças sofrem com a falta do outro, mas também os adultos. Ficar sozinho no mundo, sem necessidade dos outros para conviver ou sobreviver, é para todos nós uma ideia assustadora.
Conclusão
Podemos assim concuir que as primeiras experiências da criança são centrais para a socialização, na medida em que é na relação com a mãe que se inicia a interiorização de regras e padrões, úteis no futuro estabelecimento de comportamentos ajustados ao grupo. Do clima emocional das primeiras vivências depende o maior ou menor equilíbrio psicológico da criança no que respeita ao relacionamento social. Se as experiências vividas na vinculação inicial são agradáveis, a criança ganhará optimismo e confiança bastantes para ousar estabelecer relações com outras pessoas. Se, ao invés, forem desagradáveis, a criança pode tender para a desconfiança, hesitando relativamente a novos contactos sociais. A personalidade futura poderá ser afectada a partir das situações de estímulo anteriormente referidas: há pessoas cuja atitude perante os outros é de expansão, de procura de relacionamentos e de abertura aos outros, assumindo uma forte motivação e auto-estima pessoais, ao passo que outras pessoas tendem para o isolamento social, para uma distância social e emocional perante os outros, mostrando pouca motivação para a vida e uma baixa auto-estima.
Para aceder á versão em PDF, clique aqui.